Austrália anuncia plano de recompra de armas e 'dia de reflexão' após atentado em Sydney
A Austrália terá "um dia de reflexão" no domingo (22), uma semana após o atentado antissemita na famosa praia de Bondi, em Sydney, e implementará um plano de recompra de armas, anunciou nesta sexta-feira (20) o primeiro-ministro Anthony Albanese.
Um pai e seu filho, Sajid e Naveed Akram, são acusados de abrir fogo no domingo passado em Bondi Beach contra uma multidão que celebrava a festividade judaica do Hanukkah, um atentado que deixou 15 mortos.
Segundo as autoridades, o ataque foi motivado pela ideologia do grupo jihadista Estado Islâmico (EI).
Albanese pediu aos australianos que acendam velas às 18h47 do domingo, 21 de dezembro, "exatamente uma semana depois do ataque".
"É um momento para fazer uma pausa, refletir e afirmar que o ódio e a violência nunca definirão quem somos como australianos", assegurou.
O premiê se comprometeu a endurecer as leis que permitiram a Sajid Akram possuir seis armas de cano longo.
"Há algo que não funciona nas leis de concessão de licenças quando este sujeito pode ter seis fuzis de alta potência", afirmou Albanese.
O chefe de Governo anunciou um plano nacional de recompra de armas para reduzir os arsenais privados de "armas de fogo, as recém-proibidas e as ilegais".
Albanese classificou a proposta como a maior iniciativa de recuperação de armamento desde 1996, quando a Austrália adotou medidas drásticas contra as armas após um ataque a tiros que causou a morte de 35 pessoas em Port Arthur.
"Os horríveis acontecimentos de Bondi mostram que precisamos retirar mais armas de nossas ruas", justificou.
- Homenagem no mar -
Centenas de pessoas se lançaram ao mar em Bondi nesta sexta-feira para formar um enorme círculo flutuante como homenagem às 15 pessoas assassinadas.
Os nadadores e surfistas remaram formando a figura enquanto flutuavam nas ondulações suaves da manhã, respingando água e gritando de alegria.
"Mataram vítimas inocentes e hoje estou nadando até lá e fazendo parte da minha comunidade novamente para trazer a luz de volta", disse o consultor de segurança Jason Carr à AFP.
Carr disse que hesitou antes de voltar ao mar porque as pessoas ainda estavam de luto.
"Ainda estamos enterrando corpos. Mas senti que era importante", acrescentou este homem de 53 anos. "Não vou deixar que alguém tão ruim, alguém tão sombrio, me impeça de fazer o que faço e o que gosto de fazer".
Carole Schlessinger, de 58 anos e diretora executiva de uma organização beneficente para crianças, disse que havia uma "energia bonita" no encontro no mar.
"Estar juntos é uma forma muito importante de tentar lidar com o que está acontecendo", disse à AFP. "Pessoalmente, estou muito atônita. Estou muito irritada".
- Alerta máximo -
Sydney continua em alerta máximo quase uma semana após o ataque.
A polícia liberou nesta sexta-feira sete homens, detidos na véspera devido ao temor de que estariam planejando um "ato violento". As autoridades afirmaram que não foi identificado nenhum vínculo entre eles e a investigação sobre o ataque em Bondi e descartaram que representem "um risco imediato para a segurança das pessoas".
Albanese prometeu uma campanha de repressão para erradicar "o mal do antissemitismo".
"Está claro que devemos fazer mais para combater este flagelo maligno", disse. As medidas incluirão novos poderes para perseguir pregadores extremistas e negar ou cancelar os vistos daqueles que propagam o ódio e a divisão.
O mais velho dos supostos atiradores, Sajid, 50 anos, morreu em um tiroteio com a polícia, mas seu filho Naveed, 24, sobreviveu.
O pedreiro desempregado recebeu 15 acusações de homicídio, um "ato de terrorismo" e dezenas de outros crimes graves.
A polícia australiana investiga se os dois se reuniram com extremistas islamistas durante uma visita às Filipinas semanas antes do tiroteio.
Y.Fady--CdE